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segunda-feira, 21 de abril de 2008

Diálogo do amor cativo e do amor livre

Diz o amor cativo:

- Tenho medo de perder-te, por isso te mantenho preso(a) a mim.
Sou um ser cativo e cativo mantenho o meu amor
Nasci para cuidar e prover, proteger e preservar a quem amo.
Sinto-me responsável pela sua felicidade e a minha depende do seu amor.

Não posso o seu canto encantado compartilhar,
Tenho medo que outros o apreciem e desfrutem como eu.
Quero, assim, que cante só para mim, como eu vivo só para ti.
Quero e alimento a ilusão de que pertences e olhas somente a mim.

Morro de amor e agonizo sem o seu amor, sem sua presença.
Morrer de amor é sublime, é sagrado, é romântico.
... é viver para amar você e ser amado por você.
"...Tu te tornas responsável por aquele que cativas."

Porque eu te amo, quero que me ames tanto ou mais.
Porque, de mim tudo te dou, não aceito menos de ti.
Quero acima de tudo que estejas perto de mim e estar contigo
Não podes ser feliz sem mim, pois não posso ser feliz sem ti.


Diz o amor em liberdade:

- Sou águia, ave livre que sobrevoa a vida.
Teu amor me enriquece e regozija, me traz mais alegria.
Mas me sinto feliz sem ti, senão ao amor a mim não viria
Canto porque sou livre, sou livre porque canto

O canto é meu alimento, a liberdade o ar que respiro.
Deixe-me presa(o) e definharei, morrerei de desgosto.
Deixe-me livre e virei cantar à sua janela, dia após dia.
Feliz ao teu lado, aconchegado no teu colo acolhedor.

Morrer de amor é tortura e afronta à vida.
Amar é deixar viver, é celebrar a vida e assumir as rédeas da sua vida.
Cativar é prender, aprisionar, tiranizar. Quem cativa não ama.
O amor é a mais humana (e por isso divina) forma de elevar a alma.

Nada quero nem nada espero de ti, apenas que sejas quem és.
Me ame, se queres, e deixe-se amar pelo meu amor.
Nada quero de ti que não seja o que podes me dar com prazer.
Nada te darei que não seja o que se libertar do meu ser.
Ana Cristina

Um comentário:

Edson Marques disse...

Ana Cristina,


belíssimo o teu poema!

Desse diálogo entre os dois tipos básicos de amor é que a vida é feita!

Mas eu não crei em amor cativo/cativante, nem escravo/escravizante!

Para mim, o amor tem que ser, necessariamente, livre.

Se não for livre, chame-se esse sentimento de qualquer outro nome, menos de Amor!

Abraços, flores, estrelas..