“Os gatos são os seres mais lindos, inteligentes e independentes do mundo. Essa é a razão por que os homens tem tanta dificuldade de se relacionar com eles e os perseguem indiscriminadamente desde o início dos tempos.”
frase da psicanalista Nise da Silveira
Me identifico muito com esses animais. Ok, ok, o "...lindos, inteligentes..." soa um tanto presunçoso...rs - mas com sua independência e com a dificuldade dos homens (no meu caso, do sexo masculino mesmo...rs) em lidar comigo e até 'me perseguir'.
Mas como assim perseguir? Explico: na forma de algo que eles chamam de 'ciúme', mas penso que é apenas manifestação de uma certa inveja, cujo motivo é incompreendido por eles também. Tá, tô tentando ter uma visão não preconceituosa - e talvez ingênua(?) - da coisa. Sendo mais dura, pode ser simplesmente machismo mesmo, muitas vezes enrustido de 'cuidado', mas que é manifesta 'desconfiança' de que eu haja como eles. Daí para confundir cuidado com controle é um pulo. Ou melhor: meio pulinho. A ação é sempre voltada para tolher, recriminar, vigiar, não dar espaço. Ah, socorro! Isso me tira o ar! Preciso respirar!
Tô passando pra frente homens que insistem em se comportar como 'pais'. Tô bem feliz com o meu, com quem aprendi a
ser/viver e deixar ser/viver ...
Aliás, é comum, quando não conseguimos apenas ser/viver e deixar ser/viver, imputarmos ao outro comportamentos que são, na verdade, nossos.
Se as pessoas soubessem viver a vida delas, talvez (talvez, eu disse), conseguissem enxergar melhor à sua volta e, sobretudo, contemplassem mais e, assim, amassem (verdadeiramente) mais. Só quem é livre é capaz de entrega total e verdadeira, sem travas, sem preconceitos limitantes. Só quem é livre é capaz de amar sem fraudes do tipo: 'amor' que na verdade é uso escancarado do outro para limpar sua barra, pra se livrar da solidão, pra mostrar aos outros que é 'o bom'. Piedade - sentimento legítimo que temos por alguém fragilizado, seja por doença ou momento difícil, tais como uma separação, morte de alguém querido, etc - não é amor! Ter "necessidade" do outro - seja ela qual for: material, emocional, sexual, etc - também não é amor!
PS: a minha noção de liberdade não é a que é, em geral, mais corrente: sexista e sexualizada. Noção, aliás, criada, propagada e disseminada por uma cultura ainda muito machista (ou seria apenas, masculina, fundamentada em pensamentos e comportamentos genuinamente masculinos?). Não confundo liberdade com libertinagem. O libertino se julga livre, mas é escravo do seu desejo sexual.
O ser livre é aquele que não se prende à amarras sócio-culturais-moralistas-reducionistas, ainda que saiba que precisa em muitos casos segui-las (ou parecer segui-las) por questão de sobrevivência.
O ser livre ama e entrega-se. Não se vende. Não compra ninguém. Ama apenas. Nada mais.
AnaCris
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