Me disponho, pago o preço
Junto tudo, cacos, tropeços
E faço tudo recomeço
Tenho incocência ainda,
Reconheço
Mas quando miro aquém
Do que meus olhos vêem
E algum engodo advém
Te juro, até esqueço
Mas só no começo
Meu olhar profundo
metralhadora giratória
Pega cisco, pinta no olho
Parafuso a menos, rabisco,
Pega até o oco do orifício
Pega amor em olhar (dis)traído
Pega nada onde não há mesmo
Nenhum sentido.
E como ‘fingir-se de morta’
- de mulher ingrato ofício -
Me fiz péssima aluna
Meu olho se agita
E meu corpo grita
Quando me ponho nua
Diante de um homem
Está ali a minha verdade
Pra bons olhos, nua e crua
Minhas pérolas expostas
- ainda que cicatizes não postas
ao alcance da retina -
Sempre me mostra a ladina
De que obter a tal liberdade
à custa da prisão alheia
é fácil: basta faltar verdade.
Dado que liberdade é espada
- corta dos dois lados ou (é) cega -
O gato prefere saltar da sacada.
AnaCris Martins
Da velha noção equivocada de liberdade: democracia é quando os outros fazem o que eu quero. Ditadura é quando os outros me obrigam a fazer o que eles querem... ou algo assim.
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